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Marcelo Soares*
Este é o blog do projeto "Novos Jornalistas - Para entender o jornalismo hoje", uma coletânea de textos sobre as habilidades que os jornalistas modernos devem ter.
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Fábio Seixas¹ feat. Gilmar R. Silva²
Uma palavra, dez palavras, 140 caracteres, uma foto, um vídeo, um link, às vezes, apenas uma letra ou um emoticon. Basta isso para se fazer existir no universo do micro-blogging. Basta apenas um suspiro de idéia transformada em pequeno texto e compartilhado com o mundo através de qualquer-que-seja-o-dispositivo-eletrônico-à-sua-frente. Basta um mini- insight e uma janela para a web.
É assim que acontece o micro-blogging, que nada mais é do que uma faceta diminuta de um blog tradicional, onde, ao invés de elaborarmos longamente nosso conteúdo, simplesmente cuspimos o que passa por nossas mentes sem antes criticá-lo. Micro-blogging é como blogar numa casca de nós, cabe muito pouco e ainda assim cabe muita coisa.
O Twitter foi o precursor, aquele que definiu o conceito, as novas possibilidades e a nova forma de irrigar o mundo com conteúdo. Permitiu que uma verdadeira legião de programas, sites e mash-ups pudessem proporcionar formas diferentes de publicar e interagir com a quantidade colossal de mini-conteúdos já disponível nesse pequeno, e crescente, universo. Já se percebe que ao redor dessa plataforma se forma uma economia própria, onde ela própria é o início e o fim, o meio e o objetivo.
Febre recente que ainda nem atingiu o mainstream e que ainda irá pegar o mundo de jeito, seja quando você entrar na sua cozinha e sua geladeira twittar uma idéia de receita para o jantar ou quando seu namorado te pedir em casamento publicamente. Bem, isso já nem é algo inédito.
No início, você dirá que micro-blogging é algo bobo e idiota, algo sem sentido. Normal. Nove entre dez pessoas pensam assim ao ver o Twitter pela primeira vez. Mas não se acomode, em pouco tempo irá perceber o poder dessa plataforma.
Mesmo Evan Willians, o criador do Twitter, não se deu conta do poder de sua ferramenta ao criá-la. Em seu lançamento, o site do passarinho azul trazia a pergunta “O que você está fazendo?” Respostas como “estou indo para a academia” ou “Estou brincando com meu cachorro” eram comuns ( e ainda são ) entre os usuários. No entanto, hoje lemos no site a seguinte pergunta “O que está acontecendo ?” E a troca da pergunta faz toda diferença, sobretudo para os jornalistas, que ao seguirem os chamados "nós de conhecimento" do conectivismo, ou seja, pessoas antenadas, em destaque ou inovadoras nas mais diferentes áreas, aumentam suas chances de obter boas informações.
Porque de nada vale aos jornalistas seguirem aqueles que ainda vêem o Twitter como uma ferramenta para postar o que comeram no almoço ou algo do tipo. Esse é o espírito do “O que você está fazendo?”, dispensável para o jornalismo. Cabe ao jornalista seguir as pessoas certas, aquela que realmente vão lhe dar pistas e dizer o que está acontecendo de novo, interessante ou importante no mundo.
Agora escolha a sua interface para esse mundo, monte sua rede de seguidores e comece a truncar seus pensamentos em frases de até 140 caracteres.
* Originalmente publicado no e-book “Para Entender a Internet”.
¹ Fábio Seixas é empresário e analista de sistemas pela PUC-Rio. Possui 13 anos de experiência em projetos e empresas de Internet, já tendo passado por empresas como iBest, Comunique-se, Tessera Internet e WeShow. Foi um dos criadores do Prêmio iBest e fundou sua primeira empresa de comércio eletrônico em 1997. Atualmente é sócio-diretor da Camiseteria.com
Twitter: @fseixas
² Gilmar R. Silva é Jornalista especializado em cultura digital e Educador em Áudiovisual, Novas Mídias e Cibercultura. Owner da Laranja Pontocom e entusiasta da cultura pop, da cultura digital, da cultura livre e da cultura DIY(faça você mesmo).
Twitter: @Gilmar_
Dalton Martins¹ feat. Gilmar R. Silva²
Muito se conta, muito se fala sobre ética. Ética nas ações, nas palavras, nos pensamentos, nos gestos e atitudes. Essa palavra aparece em jornais, notícias, reportagens e projetos.
Chega até um certo ponto ser um termo gasto entre tantas interpretações e usos que são
bem pouco compreendidos ou aplicados em ações práticas. Eis que ontem, no Campus Party, me pediram para escrever um pouco sobre ética hacker. Fiquei pensando em como
falar sobre isso e, sinceramente, a melhor forma que encontrei é falar da forma como um hacker age, de que exemplo ele dá a partir de sua forma de ver o mundo.
O hacker tem um jeito de ser, tem um foco, tem um interesse. Gosta de vivenciar desafios e gosta de aprender com seus próprios limites. Mas, um ponto que diferencia fundamentalmente o hacker de outras pessoas que também gostam de desafios é que o hacker utiliza uma parte significativa do seu tempo documentando e compartilhando a forma como ele conseguiu vencer um desafio e, dessa forma, permite que outras pessoas possam aprender com suas descobertas. É uma atitude que possui em seu Dna um desejo íntimo de construir um mundo a partir de uma inteligência coletiva, a partir da colaboração entre as diferentes formas que as pessoas possuem de resolver seus problemas.
Dessa forma, um hacker é também um contador de histórias dos mitos e das magias que ele desvenda em sua maneira de se apropriar da tecnologia, de dar significado a ela e de inspirar o aprendizado em outras pessoas que possuem interesses semelhantes ao caminho que ele vem percorrendo. Essa maneira de se apropriar da tecnologia é também uma forma essencialmente prática de encarar a vida: descobrir problemas, encontrar soluções, documentar processos e compartilhar de forma livre na rede com as outras pessoas.
Parece bastante simples, mas é necessário haver uma atitude no meio de tudo isso para que o processo funcione: é preciso não ter medo de compartilhar o que se aprendeu, é preciso não ter receio de abrir informações, é preciso acreditar que a inteligência coletiva pode levar a construção de novas possibilidades de convivência e de experiência de mundo melhor do que a competição pura e simples permitiu até hoje.
E essa atitude já está agregando novos adeptos, mesmo em ambientes profissionais marcados pela competição como o jornalismo.
É característico na imprensa o egocentrismo e até mesmo um certo pretensiosismo de alguns profissionais, por terem acesso a pessoas importantes e informações em primeira mão. Sem falar no orgulho descabido de alguns ao verem seu nome atrelado a um furo ou uma entrevista exclusiva. Mas a postura hacker vem mudando esse posicionamento. A realização deste e-book, por exemplo, só foi possível devido a colaboração gratuita de profissionais de destaque na mídia brasileira alinhados a idéia do jornalismo colaborativo. Outros bons exemplos de jornalismo colaborativo são o site coreano OH MY News e o site brasileiro Overmundo. As notícias veiculadas nestes sites são construídas de maneira coletiva, por meio de wiki pages, os dois sites possibilitam que outros usuários atualizem ou corrijam uma informação postada por outra pessoa. O coletivo sobrepõe-se ao egocentrismo.
E isso não significa que o crédito da atividade intelectual seja mal visto ou coisa rara no mundo digital. Veja o caso do Retweet no Twitter, a maioria dos usuários ( jornalistas inclusos ) gastam cerca de 10% dos seus 140 caracteres com o RT: @Fulano ou por @Fulano , via @Fulano . A apropriação sem dar crédito não é regra, a gentileza para com o outro usuário (jornalista) sim.
E é esse tipo de atitude que podemos e devemos promover entre os jornalistas como sendo uma ética hacker!
* Originalmente publicado no e-book “Para Entender a Internet”.
¹ Dalton Martins é um dos articuladores do MetaReciclagem e designer de redes sociais. Colabora com a Coordenadoria de Tecnologia Social da Escola do Futuro na USP e desenvolve o WebLab.tk, que pesquisa, desenvolve e implementa tecnologias, metodologias e processos de colaboração para o estímulo da aprendizagem e inovação. Atua em projetos que buscam mapear e identificar redes sociais emergentes a partir de estruturas de comunicação livres.
Twitter: @dmartins
² Gilmar R. Silva é Jornalista especializado em cultura digital e Educador em Áudiovisual, Novas Mídias e Cibercultura. Owner da Laranja Pontocom e entusiasta da cultura pop, da cultura digital, da cultura livre e da cultura DIY(faça você mesmo).
Twitter: @Gilmar_
Aqui está uma captação possível: O Mapa do Mercado mostra centenas de empresas de capital aberto. As que estão em alta no mercado são verdes, os perdedores estão em vermelho. Empresas semelhantes ficam posicionadas próximas umas das outras, formando uma espécie de mapa do tempo da notícia financeira.
Você pode estar pensando que isso é material especializado, servindo apenas para cobrir os mercados financeiro e notícias econômicas. Mas não. Pode-se apurar de tudo, de guerras e catástrofes naturais à cultura pop, com visualização de dados. O New York Times é provavelmente o líder neste segmento, atualmente, e emprega mais de 30 pessoas em seu departamento de gráficos. A equipe tem liberdade editorial para produzir os seus próprios artigos que abrange uma vasta gama de assuntos, desde a guerra do Iraque até a morte de Michael Jackson. Estas visualizações permitem que os leitores interpretem melhor uma notícia , indo além da leitura simples de um artigo . Em uma visualização recente sobre Michael Jackson, por exemplo, os leitores puderam ver o top hits do rei do pop ao longo do tempo e compará-lo com os top hits de outros artistas como Beatles e U2. Esse tipo de visualização contextualizava a produção musical de Michael Jackson e ilustrava para o leitor o quão importante ele era no mundo da música pop.
No Brasil, alguns jornais já trabalham com a Visualização de Dados. O Estadão tem visualizado assuntos pesados como assassinatos nas grandes cidades, bem como temas mais otimistas como o desempenho histórico do Brasil em Copas do Mundo. Ao contrário do NY Times, o Estadão trabalha com gráficos criados por uma equipe da redação e de terceiros. E utilizar ferramentas de visualização de terceiros é algo recente. Disponíveis gratuitamente na web, ferramentas como o Many eyes e o Public Tableau foram projetados para permitir que qualquer pessoa possa fazer o upload de dados, visualizar e compartilhar gráficos interativos de graça na rede. De posse dessas ferramentas os jornalistas agora podem trabalhar suas informações lançando mão de diferentes opções , podendo experimentar e entregar aos leitores histórias com riqueza de dados de uma maneira mais fácuil de interpretar. Isso porque as plataformas de visualização são fáceis de usar, não requerem habilidades de programação ou que o profissional tenha uma vasta experiência em tabelas ou cáculo.
Se você resolver criar uma visualização de dados a partir do zero , você encontrará uma variedade de opções técnicas, como softwares. Entre eles o Processing, um conjunto de bibliotecas Java, construído para fazer gráficos interativos de programação mais acessíveis. O Flash uma outra escolha popular para criação de projetos interativos e bibliotecas como o Flare . E finalmente, Javascript o queridinho de hoje em dia porque ele é executado todos os browsers, assim como em plataformas móveis como o IPAD, da Apple.
Se você se interessou pela visualização porque os governos estão cada vez mais abertos, disponibilizando dados de maneira transparente ou porque você gostaria de dar aos leitores uma experiência mais profunda do que uma simples narrativa, saiba que a visualização jornalística veio para ficar. Estamos apenas no início da exploração, no que diz respeito a contar histórias com a visualização de dados. E aí, como você vai ajudá-la a evoluir?
* Fernanda Viégas e Martin Wattenberg são os fundadores do Flowing Media. Antes de fundar a Flowing Media em 2010, Viegas e Wattenberg trabalhavam no Laboratório de Comunicação Visual da IBM. O software que criaram, o Many Eyes, foi o primeiro a colocar as ferramentas de visualização avançadas, nas mãos de uma audiência geral. Sua visão de democratização da visualização fortaleceu jornalistas, empresários e cientistas quanto a contar histórias com os dados.