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por
André Deak*
Rodolfo Walsh, Ryszard Kapuściński, Joel Silveira, Gay Talese e Truman Capote que me desculpem, mas novo jornalismo mesmo é outra coisa. Usar as ferramentas da literatura foi uma grande sacada – na década de 60. Hoje, quase 50 anos depois das primeiras reportagens literárias, o new journalism ainda causa fetiche nas universidades. Mas existe uma nova fronteira à frente, com infinitas boas ferramentas para contar histórias, muitas delas ainda nem sequer descobertas. Estamos falando das fronteiras do digital.
Alguns dirão que jornalismo é jornalismo, como sempre foi, o bom e velho jornalismo, e que o resto é firula. Acontece que não é bem assim. Primeiro porque, jornalismo, como conhecemos hoje, com regras éticas, existe mesmo só há algumas décadas. No Brasil, o código de ética da profissão é da década de 80. E se voltarmos um pouco antes, ainda, lembremos que existia o sujeito que saía pra rua pra buscar as histórias – o repórter – e o sujeito que ficava na redação, escrevendo em bom português, o redator. Repórter não precisava necessariamente saber português.
Não é de hoje, portanto, que a função dos jornalistas se altera. Com a transformação dos átomos em bits, as coisas ficam mais complexas. Vemos de perto essa transição: repórteres multimídia, convergências, novas narrativas. Uma vez que a habilidade de tirar fotos num celular, escrever em 140 caracteres, filmar e editar vídeos é algo que uma criança já faz, é difícil imaginar que isso não será um pré-requisito quando essas crianças estiverem chefiando uma redação. E isso pode ser encarado de duas maneiras.
Uma delas é considerar isso um problema; quem pensa assim viverá como viveram os jornalistas nas últimas décadas – poderá se tornar muito bom em uma especialidade, desenvolver habilidades de reportagem ou edição (no texto, rádio ou TV), seguir uma carreira monomídia.
Outro jeito é ver a oportunidade. Os que enxergam assim poderão fazer tudo o que o sujeito acima faz, mas também terão a chance de criar um novo jeito de fazer jornalismo. Reinventar o jornalismo. Usar ferramentas de outros campos, fundir as mídias, experimentar a interatividade, o poder das redes e da colaboração. Criar algo que nunca existiu. Uma nova linguagem. Um novo jornalismo. Ninguém sabe, ainda, o que será isso. Os caminhos não estão traçados.
Andrew DeVigal, Adrian Holovaty, Brian Storm, Felipe Lloreda e Alberto Cairo são alguns dos que praticam o melhor deste novo novo jornalismo. Não são nomes tão conhecidos. Talvez porque não haja mais espaço para um Talese ou um Capote – meia dúzia de nomes que reinventaram o jornalismo. Ou talvez porque, agora, todos nós possamos fazer isso.
* André Deak é Diretor da FLi Multimídia, jornalista, trabalha há mais de 10 anos com jornalismo online. Realizou reportagens de quase todos os países da América do Sul e da Europa ocidental. Co-organizador do livro Vozes da Democracia (2007), da ONG Intervozes. Foi editor executivo multimídia durante o processo de reformulação da Agência Brasil, até 2007. No ano seguinte, gerente de comunicação da CPFL Cultura. Freelancer para as revistas Rolling Stone, Carta Capital, Caros Amigos, Educação, Revista Fórum e outras. Prêmio Vladimir Herzog 2008, categoria internet. Ministra cursos e palestras sobre jornalismo online e narrativas interativas (USP, UFSC, PUC-SP, Cásper Líbero, Comunique-se, Diários Associados, Abraji, Editora Abril, entre outros). Mestrando da ECA-USP na área interfaces sociais da comunicação.
André Deak*
Rodolfo Walsh, Ryszard Kapuściński, Joel Silveira, Gay Talese e Truman Capote que me desculpem, mas novo jornalismo mesmo é outra coisa. Usar as ferramentas da literatura foi uma grande sacada – na década de 60. Hoje, quase 50 anos depois das primeiras reportagens literárias, o new journalism ainda causa fetiche nas universidades. Mas existe uma nova fronteira à frente, com infinitas boas ferramentas para contar histórias, muitas delas ainda nem sequer descobertas. Estamos falando das fronteiras do digital.
Alguns dirão que jornalismo é jornalismo, como sempre foi, o bom e velho jornalismo, e que o resto é firula. Acontece que não é bem assim. Primeiro porque, jornalismo, como conhecemos hoje, com regras éticas, existe mesmo só há algumas décadas. No Brasil, o código de ética da profissão é da década de 80. E se voltarmos um pouco antes, ainda, lembremos que existia o sujeito que saía pra rua pra buscar as histórias – o repórter – e o sujeito que ficava na redação, escrevendo em bom português, o redator. Repórter não precisava necessariamente saber português.
Não é de hoje, portanto, que a função dos jornalistas se altera. Com a transformação dos átomos em bits, as coisas ficam mais complexas. Vemos de perto essa transição: repórteres multimídia, convergências, novas narrativas. Uma vez que a habilidade de tirar fotos num celular, escrever em 140 caracteres, filmar e editar vídeos é algo que uma criança já faz, é difícil imaginar que isso não será um pré-requisito quando essas crianças estiverem chefiando uma redação. E isso pode ser encarado de duas maneiras.
Uma delas é considerar isso um problema; quem pensa assim viverá como viveram os jornalistas nas últimas décadas – poderá se tornar muito bom em uma especialidade, desenvolver habilidades de reportagem ou edição (no texto, rádio ou TV), seguir uma carreira monomídia.
Outro jeito é ver a oportunidade. Os que enxergam assim poderão fazer tudo o que o sujeito acima faz, mas também terão a chance de criar um novo jeito de fazer jornalismo. Reinventar o jornalismo. Usar ferramentas de outros campos, fundir as mídias, experimentar a interatividade, o poder das redes e da colaboração. Criar algo que nunca existiu. Uma nova linguagem. Um novo jornalismo. Ninguém sabe, ainda, o que será isso. Os caminhos não estão traçados.
Andrew DeVigal, Adrian Holovaty, Brian Storm, Felipe Lloreda e Alberto Cairo são alguns dos que praticam o melhor deste novo novo jornalismo. Não são nomes tão conhecidos. Talvez porque não haja mais espaço para um Talese ou um Capote – meia dúzia de nomes que reinventaram o jornalismo. Ou talvez porque, agora, todos nós possamos fazer isso.
* André Deak é Diretor da FLi Multimídia, jornalista, trabalha há mais de 10 anos com jornalismo online. Realizou reportagens de quase todos os países da América do Sul e da Europa ocidental. Co-organizador do livro Vozes da Democracia (2007), da ONG Intervozes. Foi editor executivo multimídia durante o processo de reformulação da Agência Brasil, até 2007. No ano seguinte, gerente de comunicação da CPFL Cultura. Freelancer para as revistas Rolling Stone, Carta Capital, Caros Amigos, Educação, Revista Fórum e outras. Prêmio Vladimir Herzog 2008, categoria internet. Ministra cursos e palestras sobre jornalismo online e narrativas interativas (USP, UFSC, PUC-SP, Cásper Líbero, Comunique-se, Diários Associados, Abraji, Editora Abril, entre outros). Mestrando da ECA-USP na área interfaces sociais da comunicação.
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