Fonte: News Games da SUPERINTERESSANTE
por
Tiago Dória*
Uma das principais características da internet é o baixo custo, o que não somente abre espaço para que novas publicações entrem no mercado, mas também potencializa experimentações. Uma das que vem mais chamando atenção é a mistura de games e jornalismo, os chamados newsgames.
O conceito de newsgames surgiu por volta do ano de 2003, e se refere a jogos feitos com base em notícias ou em algum acontecimento em curso. O ElPais foi responsável por publicar um dos primeiros - o Play Madrid, sobre os ataques terroristas em Madri, na Espanha, em 2004. Poucos dias após a tragédia, o game já estava no ar.
Logo depois veio o The New York Times, com o Food Import Folly, sobre a falta de fiscalização na importação de alimentos nos EUA. No caso, o interessante desse newsgames é o fato de ser um editorial do jornal transformado em jogo. Em seguida, em 2007, a CNN saiu com o Presidential Pong, no qual você joga tênis com os pré-candidatos à presidência dos EUA. Cada um tem as suas habilidades desenvolvidas de acordo com o andamento da campanha eleitoral no mundo offline.
Em torno dos newsgames, tem surgido um ecossistema de pesquisadores, profissionais e empresas. Uma das principais é a Newsgaming, fundada em 2003, por Gonzalo Frasca, na época, jornalista da CNN espanhola e editor do Ludology.org, um site voltado para estudos acadêmicos de games.
Outra é a Persuasive Games, já conhecida no meio por desenvolver jogos educativos.
Trabalhar com cronogramas é um dos principais desafios para quem produz newsgames. Como o jogo é baseado em um acontecimento em curso ou que acabou de terminar, o seu desenvolvimento precisa ser rápido. É necessário um entrosamento quase perfeito entre a equipe editorial e a de tecnologia, dobradinha no jornalismo online tão importante quanto cinegrafista e repórter em telejornalismo.
Em sua maioria os jogos não tentam ser objetivos. Buscam mostrar uma linha editorial de um veículo.
No Brasil, ainda em 2008, o G1 fez alguns experimentos com o formato e lançou o AudioPops, um jogo no qual você tem que descobrir, por meio de discursos bem recentes, quem são as principais personalidades da política internacional.
Porém, o mais interessante veio do site da revista Superinteressante, que, no comecinho de 2009, lançou o Jogo da Máfia, no qual o leitor é um personagem infiltrado nas máfias globais. A intenção era mostrar como funcionam tais organizações.
Os newsgames acabam por trazer um caráter educacional e lúdico de volta ao jornalismo. Não é um formato que veio substituir outros anteriores. Pelo contrário, é mais uma forma de apresentar uma notícia. Mais uma opção, menos burocrática, aos leitores/usuários de um site de notícias.
Porém, nem tudo são flores nos newsgames. Existe muita discussão em como separar entretenimento e jornalismo, em não misturar as duas áreas ou ainda evitar que tudo não acabe em simples pirotecnia. Enfim, características de um novo formato repleto de perguntas e novos desafios.
*Tiago Dória, jornalista e pesquisador de mídia.
O conceito de newsgames surgiu por volta do ano de 2003, e se refere a jogos feitos com base em notícias ou em algum acontecimento em curso. O ElPais foi responsável por publicar um dos primeiros - o Play Madrid, sobre os ataques terroristas em Madri, na Espanha, em 2004. Poucos dias após a tragédia, o game já estava no ar.
Logo depois veio o The New York Times, com o Food Import Folly, sobre a falta de fiscalização na importação de alimentos nos EUA. No caso, o interessante desse newsgames é o fato de ser um editorial do jornal transformado em jogo. Em seguida, em 2007, a CNN saiu com o Presidential Pong, no qual você joga tênis com os pré-candidatos à presidência dos EUA. Cada um tem as suas habilidades desenvolvidas de acordo com o andamento da campanha eleitoral no mundo offline.
Em torno dos newsgames, tem surgido um ecossistema de pesquisadores, profissionais e empresas. Uma das principais é a Newsgaming, fundada em 2003, por Gonzalo Frasca, na época, jornalista da CNN espanhola e editor do Ludology.org, um site voltado para estudos acadêmicos de games.
Outra é a Persuasive Games, já conhecida no meio por desenvolver jogos educativos.
Trabalhar com cronogramas é um dos principais desafios para quem produz newsgames. Como o jogo é baseado em um acontecimento em curso ou que acabou de terminar, o seu desenvolvimento precisa ser rápido. É necessário um entrosamento quase perfeito entre a equipe editorial e a de tecnologia, dobradinha no jornalismo online tão importante quanto cinegrafista e repórter em telejornalismo.
Em sua maioria os jogos não tentam ser objetivos. Buscam mostrar uma linha editorial de um veículo.
No Brasil, ainda em 2008, o G1 fez alguns experimentos com o formato e lançou o AudioPops, um jogo no qual você tem que descobrir, por meio de discursos bem recentes, quem são as principais personalidades da política internacional.
Porém, o mais interessante veio do site da revista Superinteressante, que, no comecinho de 2009, lançou o Jogo da Máfia, no qual o leitor é um personagem infiltrado nas máfias globais. A intenção era mostrar como funcionam tais organizações.
Os newsgames acabam por trazer um caráter educacional e lúdico de volta ao jornalismo. Não é um formato que veio substituir outros anteriores. Pelo contrário, é mais uma forma de apresentar uma notícia. Mais uma opção, menos burocrática, aos leitores/usuários de um site de notícias.
Porém, nem tudo são flores nos newsgames. Existe muita discussão em como separar entretenimento e jornalismo, em não misturar as duas áreas ou ainda evitar que tudo não acabe em simples pirotecnia. Enfim, características de um novo formato repleto de perguntas e novos desafios.
*Tiago Dória, jornalista e pesquisador de mídia.
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