por
Gilmar R. Silva*
A Imprensa, sobretudo a escrita, sofreu um duro golpe com a popularização da Internet. Se antes as pessoas dependiam da cobertura midiática para ficar a par das notícias, com a web 2.0 passaram a ter acesso a informação por fontes gratuitas , bem como a produzir e divulgar conteúdo por conta própria. E dessa mudança surgiu o questionamento: Por que pagar por informação se podemos obtê-la de graça na internet?
Um problema para a mídia?Sim. Incontornável? Não.
Iniciativas como as do conglomerado News Corp.( New York Times, do Wall Street Journal, da rede de televisão Fox e do tablóide britânico The Sun) do magnata norte-americano Rupert Murdoch, já mostraram que é possível lucrar na web. O The Sun, por exemplo, na internet já rende lucros maiores para a News Corp do que sua versão impressa, enquanto que o tradicional New York Times já vislumbra para 2011 voltar a cobrar por conteúdo na internet. Segundo Arthur Sulzberger , presidente do NYT, os usuários terão uma cota (ainda não especificada) para ler os artigos gratuitos , mas uma vez que ultrapassem o limite , será cobrado uma taxa do leitor. O objetivo do grupo é fazer dinheiro com os leitores fiéis do jornal. Entre 2005 e 2007, o The New York Times possuía 200 mil assinantes, que pagavam uma taxa de 50 dólares anual.
Voltamos a pergunta: Por que pagar por informação se podemos obtê-la de graça na internet?
A resposta é: pela credibilidade da informação.
Na sociedade da informação somos expostos a muitos conteúdos, inúmeras possibilidades de escolhas, sejam elas de mídia, entretenimento, trabalho ou aprendizado.
E isso gera uma angústia nos seres humanos. Antes as chances de uma pessoa errar ao escolher uma profissão, um programa de TV, um filme ou uma banda que lhe agradasse eram menores. Havia menos opções de profissões, de canais de TV e de lançamentos cinematográficos e fonográficos. Hoje por sua vez existem milhares de opções em todas essas áreas e em muitas outras, o que coloca o ser humano em uma posição propicia ao erro muito maior.
E o que faz o ser humano para minimizar as chances de fazer uma escolha equivocada? Submete seus interesses a filtros como os buscadores da internet (verdadeiros oráculos da era digital), a indicações de amigos nas redes sociais e veja bem a mídia especializada.
Daí a importância de uma empresa ou veículo de comunicação estar bem posicionado nas buscas do Google e o sucesso na mídia de matérias “Top Top”, que trabalham títulos como os “5 melhores celulares 3G”, “as 7 melhores músicas da semana”, “os 10 livros mais vendidos”, “as 6 profissões mais lucrativas”, “as 100 melhores empresas para se trabalhar”, entre outras.
Por isso o jornalista,sobretudo, na figura do editor, independente da revolução pela qual a mídia vem passando, ocupa um lugar importante na Sociedade Digital.Enquanto filtro, do emaranhado de informações ao qual somos expostos diariamente, cabe a ele avalizar o que é bom do que é ruim, e o que vale a pena ser repercutido do que não é relevante.
O excesso de informação trouxe consigo termos e preocupações novas como a info-obesidade, que dá conta de que ter acesso a muita informação sobrecarrega o ser humano, quando este não tem habilidade para lidar com o excesso. E para trabalhar com muita informação é necessário uma habilidade que não se aprende da noite para o dia, mas no mundo contemporâneo tal habilidade é uma competência que se faz necessária, e é largamente defendida por acadêmicos da área da Educação e da Comunicação.
Lidar com muita informação, conhecimentos díspares como os resultados da última rodada do Brasileirão e as estatísticas da última pesquisa da corrida eleitoral é comum para muitos jornalistas.
Uma célebre frase do jornalista Joseph Pulitzer diz que “O jornalismo é a profissão que requer o conhecimento mais largo e profundo e os mais firmes fundamentos de caráter”.
Esse espírito carregado por muitos profissionais da mídia, é extremamente importante na era digital. Um bom editor, dá preferência a informações bem apuradas, ricas em variedade e credibilidade de fontes. Tal cuidado deveria ser adotado por todos, uma vez que hoje as pessoas pautam seus julgamentos em buscas no Google, e muitas vezes sequer questionam se aquilo que obtiveram como resposta na primeira página é o melhor resultado, ou então se aquelas matérias “top isso” “top aquilo”, são dignas de credibilidade ou meras propagandas maquiadas de notícia.
Ajudar as pessoas a combater a info-obesidade talvez seja o principal compromisso do jornalismo nos dias de hoje. E é na figura do editor que tal compromisso tem seu melhor exemplo. Um bom editor, quando livre de interesses políticos ou de natureza econômica (jabás/negociatas), e que tenha caráter firme, como diria o velho Pulitzer , dá credibilidade a informação. Apresenta-se como um filtro mais seguro em comparação com os sites de busca ou contatos do Facebook. O que garante pessoas melhores informadas, e dependendo do alcance do veículo de comunicação do editor ou de sua rede de conexões, uma comunidade mais crítica e difícil de ser manipulada. Diria até uma comunidade melhor.
*Gilmar Renato da Silva é Jornalista especializado em cultura digital e Educador em Áudio-visual, Novas Mídias e Cibercultura. Meia direita nos finais de semana, Owner da Laranja Pontocom e enstusiasta da cultura livre, da cultura pop e da cultura DIY(Faça você mesmo).
Twitter: @Gilmar_
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